STF inicia julgamento histórico de Bolsonaro 

Não há um prazo exato para a conclusão do julgamento. Ele pode ser concluído em uma sessão ou se prolongar por semanas, caso algum ministro peça vista do processo para análise mais detalhada.

Foto: Rosinei Coutinho/STF; Gustavo Moreno/STF; Antonio Augusto/STF; Felipe Sampaio/STF
Foto: Rosinei Coutinho/STF; Gustavo Moreno/STF; Antonio Augusto/STF; Felipe Sampaio/STF

POLÍTICA – A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal inicia, nesta terça-feira (2), um dos julgamentos mais importantes da história política do Brasil: a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete ex-auxiliares, que são acusados pela Procuradoria-Geral da República de integrarem uma suposta organização criminosa que teria articulado um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de 2023.

Os advogados do ex-presidente tentaram anular a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em manifestação antes do julgamento, a defesa de Bolsonaro afirma que a delação é inválida e que o delator não tem credibilidade. Na mesma peça, os advogados citam que Mauro Cid descumpriu o acordo e manteve conversas no Instagram usando um perfil com nome de usuário “@Gabrielar702”.

“E não existe colaboração parcial como sugere o raciocínio simplista da PGR. Ao sopesar o prêmio que deve ser dado a um colaborador, o magistrado deve valorar o grau de relevância e alcance das informações fornecidas sempre sob o pressuposto basilar da verdade”, argumentam os advogados.

De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro não apenas participou, mas foi o líder e o principal beneficiário da suposta conspiração. A acusação sustenta que o grupo atuou entre o fim de 2022 e o início de 2023, promovendo reuniões para planejar a decretação de um Estado de Defesa, desacreditar o processo eleitoral e incitar militares contra o resultado das urnas.

No processo, o ex-presidente responde por cinco crimes, cujas penas somadas podem chegar a 43 anos de prisão.

O julgamento será conduzido pelos cinco ministros que compõem a Primeira Turma do STF . O colegiado é formado por Alexandre de Moraes, que atua como relator do caso, Luiz Fux, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A decisão será tomada por maioria simples, exigindo pelo menos três votos convergentes. Encerrados os debates e iniciada a votação, o colegiado definirá, em caso de condenação, o cálculo das penas de cada réu de acordo com seu grau de participação nos fatos. Recursos contra eventuais condenações poderão ser apresentados dentro do próprio STF.

Quem são os réus?

  1. Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
  2. Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  3. Almir Garnier- ex-comandante da Marinha;
  4. Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
  5. Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  6. Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
  7. Walter Braga Netto – ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro na chapa de 2022;
  8. Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Não há um prazo exato para a conclusão do julgamento. Ele pode ser concluído em uma sessão ou se prolongar por semanas, caso algum ministro peça vista do processo para análise mais detalhada.

Texto: jornalista Judson Lima

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