Morre trabalhador que sofreu acidente em armazém
Celso Klock estava em coma induzido desde segunda-feira; família autorizou a doação de órgãos
ITAJAÍ – Vítima de um acidente de trabalho no porto de Itajaí, o arrumador Celso Klock, 51 anos, não resistiu aos graves ferimentos e faleceu na manhã de ontem no hospital Marieta Konder Bornhausen, onde estava em coma induzido na unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde segunda-feira, informou o DIARINHO.
Durante à tarde, funcionários da superintendência do porto, APM Terminals e colegas portuários fizeram homenagens ao trabalhador.
Celso foi atingido por uma pilha de madeiras durante o transbordo da carga de um contêiner seco pra outro refrigerado, num armazém da APM Terminals. O trabalhador sofreu traumatismo craniano e foi hospitalizado.
Celso tinha feito aniversário na terça-feira e havia entrado com o pedido de aposentadoria na semana passada. Ele era trabalhador portuário avulso ligado ao sindicato dos Arrumadores desde 1993.
Sem filhos, Celso morava com a esposa na rua Almirante Barroso, no centro de Itajaí. Segundo o presidente da Intersindical dos Trabalhadores Portuários de Itajaí, Ernando João Alves Júnior, o Correio, Celso era doador de órgãos.
Só após os procedimentos de doação e a liberação do corpo é que a família divulgaria informações sobre o velório e sepultamento.
Homenagens
No pátio do terminal, os portuários deram uma pausa no trampo e fizeram um ato com cerca de 50 pessoas.
Na frente da superintendência do porto público, houve um minuto de silêncio em solidariedade aos familiares e amigos de Celso. Participaram do ato o superintendente do porto, Marcelo Salles, o chefe de gabinete do prefeito Volnei Morastoni (MDB), Giovani Testoni, que esteve representando a prefeitura, e Natanael Vieira, trabalhador mais antigo do complexo portuário, com 90 anos de idade e 39 de serviços no porto.
A APM também se manifestou em apoio à esposa, família e amigos do arrumador. Funcionários pararam as atividades às 14h, fazendo um minuto de silêncio em frente à empresa. “Manter nosso pessoal seguro é a primeira e principal responsabilidade da APM Terminals”, afirmou Aristides Russi Júnior, diretor executivo da empresa. “Nesse sentido, nosso trabalho visa fazer todo o possível para impedir que isso aconteça novamente”, completou.
Falta de segurança Conforme a empresa, o acidente ocorreu durante a estufagem de um contêiner, procedimento em que o contêiner precisa ser preenchido totalmente com a carga. A ocorrência foi por volta das 11h de segunda, no cais público do porto, mas o trabalho era de responsabilidade da APM Terminals.
Segundo o presidente do sindicato dos Arrumadores, Celso e um colega faziam a movimentação de uma carga de madeira junto com outro arrumador que operava um guindaste de pequeno porte.
Correio conta que, quando eles foram colocar a carga dentro do contêiner refrigerado, a empilhadeira teve dificuldade de subir a rampa. A carga de duas toneladas teria balançado e caído. Parte da pilha de madeiras atingiu Celso na cabeça.
O presidente do sindicato diz que deveriam ser fornecidas fitas metálicas pra arrumação da madeira e que não havia um técnico de segurança acompanhando. Ele ainda lembrou que a empresa não tem mais socorristas de plantão nem ambulância no terminal. O socorro foi feito pelos bombeiros.
Em nota divulgada após o acidente, a empresa afirmou que tem técnicos de segurança do trabalho e que eles prestaram os primeiros socorros à vítima. A APM também disse que tem convênio com a Unimed, mas que o serviço não foi usado na ocorrência porque a guarda portuária chamou os bombeiros, que chegaram rapidamente e levaram Celso pro hospital.
Sindicato pede investigação policial e do ministério do Trabalho
A empresa informou que as causas do acidente serão apuradas em investigação interna. O procedimento vai ouvir os colegas de Celso que tavam junto na hora da ocorrência e outras testemunhas. Imagens do acidente também serão analisadas.
Detalhes do acidente não serão divulgados até que toda a apuração esteja concluída, alegou a APM. Até ontem, o local da tragédia seguia isolado.
A ocorrência também deve ser investigada pela polícia e pode ter desdobramento na área trabalhista. O presidente da Intersindical dos Portuários disse que foi feito um boletim de ocorrência pra que o caso seja apurado na área criminal e que se investigue se houve omissão de alguém. “Estamos discutindo também junto ao ministério do Trabalho e Emprego”, contou, informando que a denúncia já foi feita ao órgão.