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Fala de ministra sobre ‘meninos de azul e meninas de rosa’ é questionada por psicólogos e educadores

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BRASIL – Um vídeo que viralizou nesta quinta-feira, no qual a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, aparece dizendo que “Menino veste azul e menina veste rosa” causou reação em pessoas que atuam junto ao público infantil: psicólogos, escritores, educadores.

No dia de sua posse no novo cargo, Damares afirmou a apoiadores, depois da cerimônia:

— É uma nova era no Brasil: menino veste azul e menina veste rosa — exclamou, com um largo sorriso e dando pulos.

A psicóloga Renata Bento, especialista em criança e adolescente, explica que a construção de gênero de uma criança é ampla. No caso da sexualidade, ela diz ainda que não é uma escolha consciente relacionada a padrões como “azul e rosa”.

— A sexualidade é muito mais ampla do que confinar a um padrão específico. A construção de gênero é algo inconsciente e que ocorre de modo involuntário. Portanto, qualquer forma de opressão que invalide o nascimento de um sujeito como ele é e como ele irá se constituir para ele próprio é uma forma de aprisionamento emocional. A criança deve crescer num lar funcional que lhe ofereça oportunidades para se desenvolver como ser humano. Cada família tem seu modelo particular de educar seus filhos — afirma.

Para Lindinaura Canosa, psicanalista da Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro (SPCRJ), a afirmação da ministra é um desserviço aos avanços da sociedade em relação à igualdade.

— No início da minha carreira como psicanalista, presenciei sofrimentos de pessoas que, descobrindo-se com uma sexualidade não normativa, envergonhadas e mergulhadas na cultura do preconceito, levantavam a hipótese de darem cabo à própria vida caso se descobrissem homossexuais — relata a psicanalista. — Atendo atualmente a famílias com múltiplas configurações e nas quais os conflitos são essencialmente semelhantes às famílias ortodoxas e nas quais não estão em jogo se é rosa ou azul. Também não tem mais lugar nem graça a brincadeira de príncipe e princesa. Dentro de uma organização social igualitária, é um insulto a verticalização. Esta aponta para a submissão e a afronta ao direito de escolher qualquer cor.

De acordo com Daniela Tófoli, diretora de grupo da Editora Globo, responsável por marcas como a Crescer, e autora do livro “Pré-adolescente — Um guia para entender o seu filho”, cor de menina ou de menino não é uma questão para as crianças, mas um estereótipo construído por adultos e pela moda ao longo dos anos. Apesar disso, ela reforça que há, atualmente, um movimento grande na sociedade, mesmo que não atinja a maioria, de quebrar com esse conceito.

Segundo a escritora, essa parcela discute e luta para o entendimento da igualdade entre os sexos diante de direitos e responsabilidades. Ela ressalta que é preciso entender o que está por trás da fala da ministra.

— Temos que entender se é mesmo aquele pensamento conservador que coloca meninos e meninas em uma caixinha, determinando que só podem fazer uma coisa. Quando vemos uma pessoa falando isso, parece alguém que parou no tempo. Por que meninos têm que usar azul? No que se baseia essa fala? Ela tem responsabilidade no que diz — afirma Daniela. — Isso (separar cor de menino e de menina) não é uma questão feminista, é de direito fundamental da infância, toda criança tem direito de brincar e vestir o que ela quiser.

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