Cem anos atrás, um eclipse solar visto em Sobral, no Ceará, comprovou a teoria da relatividade de Einstein

Detalhe do eclipse solar: céu limpo proporcionou registro de 12 estrelas em Sobral Foto: Divulgação/Museu de Astronomia e Ciências Afins
Detalhe do eclipse solar: céu limpo proporcionou registro de 12 estrelas em Sobral Foto: Divulgação/Museu de Astronomia e Ciências Afins

BRASIL  — Era o final de maio de 1919, e a pacata Sobral, cidade no interior cearense onde nunca havia circulado um carro, foi “invadida” por cientistas brasileiros, americanos e britânicos, que desembarcavam de trem com parafernálias trazidas do Rio de Janeiro, como telescópios e espectrógrafos. A expedição atingiu um feito que, nesta quarta-feira, completa seu centenário: a comprovação da teoria da relatividade de Albert Einstein , através de fotografias realizadas durante um eclipse solar.

O físico alemão havia anunciado sua teoria em 1915. Nela, afirmou que a massa dos corpos deforma o espaço próximo a eles. Assim, o caminho da luz emitida por um astro, ao passar por esta região desviada, deixa de ser uma linha reta. No entanto, este fenômeno só poderia ser testado a partir de um eclipse total do Sol, quando é possível observar as estrelas que ficam atrás ou ao fundo dele.

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O fenômwno também pode ser visto no Chile, América do Sul – 26/02/2017. Foto: Stringer / Reuters

— Se colocarmos uma bola pesada em cima de uma colchão, ela vai deformá-lo. Se jogarmos depois, no mesmo local, uma bola de gude, sua trajetória será mudada. O mesmo ocorre com a luz: ela é desviada quando se depara com um objeto maciço — compara Alfredo Tolmasquim, diretor de Desenvolvimento Científico do Museu do Amanhã.

Além de Sobral, os “caçadores de eclipse” também instalaram uma equipe na Ilha do Príncipe, na África. Desde 1912, pesquisadores tentaram fazer observações em quatro locais. No entanto, o mau tempo atrapalhou o registro das imagens. Na Ucrânia, em 1914, os cientistas tiveram de abandonar seus materiais, devido ao avanço das tropas na Primeira Guerra Mundial.

— Sobral era uma cidade pequena, mas de infraestrutura razoável, porque tinha uma estrada de ferro conectada diretamente a um porto — destaca Christina Barbosa, historiadora das Ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). — Os cientistas foram alojados no sobrado confortável de um deputado federal, mas reclamaram muito sobre o clima e os mosquitos, e os americanos ficaram impressionados com os flagelados da seca.

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